Campeonato Mundial de Xadrez de 2018 Tem Início em Londres
Um dos mais antecipados confrontos do campeonato mundial em recente memória teve início na Quinta-feira no The College in Holborn, Londres. Pela primeira vez desde 1990, o mais importante cinturão do xadrez será contestado pelos dois melhores jogadores do mundo.
Não só irão Magnus Carlsen e Fabiano Caruana disputar o campeonato do mundo neste cavernoso edifício de pedra, mas se houver um vencedor em tempo regulamentar este será também o jogador com o rating de número-um. Tens de voltar atrás cinco anos para a última vez que Carlsen não era campeão do mundo. Acrescenta mais dois anos para a última vez que ele não foi o jogador com o rating mais alto do mundo.
A vista que os espectadores terão da acção, por detrás de um vidro de sentido único. | Foto: Mike Klein/Chess.com.
Os dois homens estão extraordinariamente próximos em rating (Carlsen está meramente três pontos em frente) e eles estão separados alfabeticamente ainda menos: apenas um outro grande mestre os separa numa lista. Eles estão separados apenas por um ano na idade (Carlsen 27, Caruana 26) e ambos tiveram até o seu estágio final de treino no mesmo país (Espanha).
O oficial de imprensa da FIDE Danny King mostrando que os dois jogadores estão tão próximos no rating. | Foto: Mike Klein/Chess.com.
Ambos entraram hoje numa área de conferência de imprensa escura mas repleta. Os dois pugilistas tinham o mesmo aspecto que habitualmente têm. Eles vestiram-se até como para qualquer outro evento—Carlsen no seu casaco preto patrocinado e de camisa branca; Caruana no seu casaco casual azul-escuro (o mesmo que ele vestiu em torneios como a Sinquefield Cup de 2018).
Nenhum deles olhou diretamente para o outro durante os 30-minutos da conferência de imprensa. De facto, ambos pareceram evitar um contacto visual com quem quer que seja. Excepto quando a responder uma pergunta direta, Carlsen olhou para cima e aparentemente por cima da multidão de jornalistas, enquanto o olhar de Caruana esteve frequentemente no chão enquanto os outros estavam a falar. Quanto ao Americano, ele tomou imediatamente alguma água assim que se sentou. Ao contrário do campeão, ele quase certamente nunca tinha defrontado um tal ajuntamento de lentes indiscretas.
Magnus Carlsen pareceu sério e rígido até ele ter tido a oportunidade de brincar um pouco. O habitual para ele. | Foto: Mike Klein/Chess.com.
Eventualmente ambos se tornaram animados com a grande variedade de perguntas, tanto sérias como tolas. Abaixo estão alguns destaques da curta sessão.
Quando lhe foi perguntado se ele estava a competir não só para si mesmo, mas pela oportunidade dos EUA recuperarem a campeonato mundial pela primeira vez em mais de quatro décadas, Caruana disse: "Eu tento abordar torneios habitualmente como um indivíduo. Se eu tiver sucesso, naturalmente, eu terei prazer em o partilhar com os Estados Unidos. Mas ao tabuleiro de xadrez os jogadores estão completamente sós." (Mais tarde ele reconheceu também a sua descendência Italiana e cidadania dupla e o seu tempo com aquela federação.)
Caruana acrescentou mais tarde que ele gostaria de um dia ser comparado com Bobby Fischer, mas que isso não poderá acontecer pelo menos até ao fim do mês. "Se eu vencer o campeonato isso será mais apropriado," disse ele.
Fabiano Caruana, tem o peso de dois países sobre os seus ombros. | Foto: Mike Klein/Chess.com.
Um repórter queria saber se Carlsen era da opinião que o xadrez agora era fixe. Para ele, não se conseguia lembrar de este ter sido de qualquer outro modo.
"Pessoalmente eu sempre achei que o xadrez era a coisa mais fixe do mundo desde que tinha oito anos de idade," disse Carlsen. Será este ano de qualquer modo diferente dos três confrontos anteriores do campeonato mundial? Carlsen misturou a sua habitual combinação duma resposta séria e uma resposta num estilo divertido do concurso televisivo "Hollywood Squares."
"Tu tens sempre uma sensação diferente," disse ele. Depois a pequena gracinha: "Os anos passaram, por isso eu sinto-me mais velho."
Carlsen parece mais velho? Você decide. | Foto: Mike Klein/Chess.com.
Ambos os jogadores deram entrevistas reveladoras à aproximação do confronto (certifica-te de ver a excelente síntese do GM Jonathan Tisdall que inclui citações fascinantes da irmã Ellen Carlsen). Mas pelo menos uma pode não ter sido exatamente precisa. Quando lhe perguntaram sobre uma entrevista que ele tinha concedido que mencionava que ele tinha aspirações como escritor de filmes, Caruana corrigiu hoje o registo.
"Isso é novidade para mim!" disse ele.
Passando para a música, perguntaram a Caruana que se Carlsen era na verdade o "Mozart do Xadrez," que comparação daria ele a si mesmo?
"Os meus gostos musicais estão fora da música clássica, disse Caruana. "Assim eu provavelmente escolheria algo do tipo de hip-hop ou rock."
Caruana: Nem Amadeus nem Aaron Sorkin, mas mesmo bom naquilo que faz. | Foto: Mike Klein/Chess.com.
Voltando aquelas entrevistas pré-confronto, Carlsen deu uma das suas mais reveladoras e longas entrevistas de sempre num podcast Norueguês (Tarjei Svensen transcreveu-a aqui). Aludindo a uma das respostas do campeão, o veterano repórter Leontxo Garcia perguntou a Carlsen se ele tinha melhorado o seu temperamento desde o confronto de 12016.
"A sua pergunta ofende-me bastante!" brincou Carlsen sem pestanejar. Depois ele acrescentou, "Tem havido alturas em que eu tenho estado apático. Vai na direcção oposta. Portanto eu preciso de achar um meio caminho."
O CEO do World Chess Ilya Merenzon disse que este era o melhor local de jogo com que ele tem estado associado. Tal como em 2016, irão haver divisórias de vidro de sentido único onde os fãs podem assistir mas os jogadores não os podem ver. | Foto: Mike Klein/Chess.com.
Em 2014, Caruana tinha desenrolado sete vitórias consecutivas na Sinquefield Cup e estava prestes a jogar de brancas contra Carlsen. Este repórter cometeu o erro linguistico de chamar tepidamente ao campeão do mundo um "não favorito" em vez de lhe perguntar se ele se sentia como tal. Hoje aquela mesma expressão "underdog" foi abordada por outro repórter, mas uma vez que foi feita na forma interrogativa, Carlsen não ofereceu uma resposta semelhantemente estridente.
"Já faz bastante tempo desde que eu me considerei um não-favorito contra qualquer outro," disse ele simplesmente, acrescentando que com todas os elogios e superlativos no mundo do xadrez, algo estaria psicologicamente errado com ele se este o fizesse.
No entanto, qualquer possibilidade de confiança inflexível pelo Norueguês foi dissipada alguns momentos depois quando este disse, "Eu sei que se eu jogar ao mesmo nível que tenho jogado recentemente, então eu não irei vencer."
Por sua parte, Caruana disse que ele tem visto as deficiências no jogo de Carlsen, mas que ele não consegue deduzir qualquer padrão claro. A sua pesquisa sugere que os erros do seu oponente têm sido incidentes aleatórios.
De frente para a sala de jogo, parece que a cidade está com esperança de ver algumas aberturas agressivas! | Foto: Mike Klein/Chess.com.
Qual é a formula para o sucesso antes do jogo? Carlsen já faz este tipo de confronto prolongado há bastante tempo e disse simplesmente: "Comer bem, dormir bem, preparar bem, jogar bem."
Finalmente, a conferência de imprensa terminou com a pergunta mais irreverente. Embora esta tenha sido claramente enunciada, os jogadores precisaram que esta fosse repetida para ter a certeza de que a tinham ouvido corretamente do repórter feminino: "Existem algumas senhoras a apoiar-te no confronto?"
Caruana ficou divertido de que à beira do maior evento de xadrez da sua vida, lhe fazem perguntas sobre a sua vida pessoal. | Foto: Mike Klein/Chess.com.
O oficial de imprensa da FIDE Danny King notou a ambiguidade na pergunta, e decidiu deixar os jogadores responder da maneira que achassem adequada.
Caruana disse que sim, a sua mãe está a apoiá-lo, e que muitos daqueles no seu círculo social são "amigas." A vida amorosa de Carlsen tem sido mais "pública" do que a do Americano, e ele dirigiu-se diretamente para esse aspecto da sua vida.
"Eu penso que não," disse ele sobre o apoio feminino. "As mulheres detestam-me; têm aversão a mim."
O Chess.com fará uma cobertura extensiva do confronto, que inclui relatórios diários nos dias de confronto aqui mesmo no Chess.com/news. Tu podes ver a todos os lances em direto no Chess.com/wcc2018 e assistir aos comentadores mais bem conhecidos do Chess.com, o IM Danny Rensch e o GM Robert Hess, tanto no Twitch.tv/Chess ou no Chess.com/TV. Convidados especiais, incluindo os GM Hikaru Nakamura, Maxime Vachier-Lagrave, Wesley So, Sam Shankland e mais irão fazer parte da cobertura em direto em dias diferentes.
Adicionalmente, o GM Alex Yermolinsky irá fazer um resumo em vídeo de cada rodada, imediatamente disponíveis após cada rodada em todas as tuas plataformas sociais favoritas (Twitch, YouTube, Facebook e Chess.com).
O atual campeão dos EUA o GM Sam Shankland irá oferecer uma profunda análise escrita de cada partida nos nossos relatórios.
O GM Yasser Seirawan irá partilhar em vídeo as suas reflexões sobre o resultado do confronto e da técnica e psicologia de como os jogadores estão a abordar cada partida, exclusiva para os membros do Chess.com, em cada um dos dias de repouso.
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Mike Klein began playing chess at the age of four in Charlotte, NC. In 1986, he lost to Josh Waitzkin at the National Championship featured in the movie "Searching for Bobby Fischer." A year later, Mike became the youngest member of the very first All-America Chess Team, and was on the team a total of eight times. In 1988, he won the K-3 National Championship, and eventually became North Carolina's youngest-ever master. In 1996, he won clear first for under-2250 players in the top section of the World Open. Mike has taught chess full-time for a dozen years in New York City and Charlotte, with his students and teams winning many national championships. He now works at Chess.com as a Senior Journalist and at ChessKid.com as the Chief Chess Officer. In 2012, 2015, and 2018, he was awarded Chess Journalist of the Year by the Chess Journalists of America. He has also previously won other awards from the CJA such as Best Tournament Report, and also several writing awards for mainstream newspapers. His chess writing and personal travels have now brought him to more than 85 countries.
