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Conheça o campeão: Magnus Carlsen

Conheça o campeão: Magnus Carlsen

JonathanTisdall
| 87 | Diversos

O Campeonato Mundial da FIDE de 2021 entre os GMs Magnus Carlsen e Ian "Nepo" Nepomniachtchi promete ser emocionante para os fãs. Como em todos os grandes confrontos esportivos, há vários pontos para abordar, tanto do ponto de vista dos espectadores quanto dos especialistas.

É importante lembrar, no entanto, que as previsões dos chamados especialistas raramente são mais do que conversa fiada, mesmo em retrospecto, muitas vezes chegam a conclusões erradas. A única coisa que realmente importa é quais decisões os jogadores tomam e como essas decisões se desenrolam. Eles são os únicos verdadeiros especialistas e têm que viver com os resultados das suas decisões.

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Acho que a verdadeira diversão de explorar um evento dessa magnitude é cavar um pouco mais fundo nos vários fatores que podem influenciar o resultado, levando em consideração um pouco de história, tentando ignorar o óbvio e contemplar alguns detalhes escondidos.


Uma coroa indesejada?

O contexto histórico sempre nos ajuda a entender e aprender um pouco mais sobre o que achamos que vai acontecer. O campeão mundial norueguês detém o título desde 2013, quando derrotou o lendário grande mestre indiano, Viswanathan Anand, em sua cidade natal, Chennai, cumprindo o que muitos acreditam ser o seu destino.

Magnus sempre teve mais orgulho de ser o primeiro no ranking mundial, feito que ele conquistou em janeiro de 2010 com apenas 19 anos. Ele caiu brevemente para o segundo lugar, mas em julho de 2011 voltou ao topo e nunca mais saiu de lá.

Magnus Carlsen Know The Champion
Carlsen em uma entrevista em 2010 para o Chessvibes. Foto: Peter Doggers/Chess.com.

Seu rating máximo se aproximou duas vezes do impensável 2900, e não permitiu que ninguém o ultrapassasse nos últimos 10 anos. Quando as cortinas se abrirem para o duelo de 2021, a dominação do rating de Carlsen pode ser nítido, com nenhum outro jogador acima de 2800 no momento em que este artigo foi escrito e Magnus continuando a habitar a estratosfera mais de 50 pontos acima deste número mágico.

É fácil esquecer as prioridades históricas de Carlsen, mesmo que ele tenha regularmente levantado o assunto de não defender o título, sempre dando a impressão de que acha que é mais um problema do que algo que vale a pena. O problema é que o tipo de pessoa que tem determinação implacável e motivação constante para ser o melhor acha extremamente difícil desistir de algo que conquistou.

Mas a atitude informal do Carlsen para tentar ganhar o título em 2013 - "por que não?" - é claramente apoiada por suas ações há muitos anos. Em 2011, sua aversão pelo caminho complicado para uma disputa pelo título era tão forte que ele desistiu do ciclo de classificação, contente em "apenas" ser o número um do mundo. Ele sempre diz o que pensa e faz o que diz, e esses hábitos sempre criam tensão e suspense em torno de seu relacionamento com a coroa.

Carlsen venceu e defendeu seu título contra Anand de forma convincente em 2014, mas os dois matches que se seguiram tiveram um cenário completamente diferente, o que levou os observadores a conclusões muito simples.

Magnus Carlsen Know The Champion
Carlsen em 2013. Foto: Catharina Caprino/CC.

Magnus, o mestre dos desempates

A forma como os dois últimos matches terminaram influenciou muito o ânimo dos torcedores. O russo, Sergey Karjakin, e o americano, Fabiano Caruana, alcançaram um empate de 6 a 6 nas partidas clássicas, enquanto Carlsen venceu com calma o xadrez rápido no desempate. Apesar das semelhanças, acredito que as condições psicológicas dos matches foram diferentes. Há 40(!) anos que escrevo sobre os matches do campeonato mundial e acredito que esses fatores mentais e externos são os aspectos mais interessantes dos confrontos, embora tenhamos que especular.

O sabor da derrota

Eu não acho que estou exagerando se disser que a narrativa de Carlsen sobre o match contra Karjakin foi de arrogância. O norueguês era claramente o favorito e, embora a autoconfiança seja um traço essencial da mentalidade de um campeão, há sempre o perigo de algo positivo se tornar uma desvantagem. Embora Carlsen e sua equipe estivessem claramente preparados para o match, havia uma atmosfera excessivamente relaxada durante o desenrolar dele.

Know The Champion Magnus Carlsen
Carlsen (esquerda) e Karjakin (direita) durante o match do Campeonato Mundial da FIDE de 2016. Foto: Maria Emelianova/Chess.com.

As lutas pelo título mundial mais recentes são, pelos padrões históricos, bastante curtas; metade da duração típica de 24 partidas e experimentos com um número ilimitado de partidas até que um deles chegasse a seis vitórias, resultando em maratonas incríveis: 32 partidas entre Karpov e Korchnoi em 1978 e 48 partidas entre Karpov e Kasparov em 1984 - um match que nem terminou. Com os períodos de atenção mais curtos e os custos de operação mais altos, era fácil defender um formato truncado. Afinal, esses confrontos demorados geralmente incluíam uma longa série de empates para aclimatar e uma onda de ação no final.

Infelizmente, encurtar o match nem sempre significa que o início nervoso e pacífico irá desaparecer. Ainda mais significativo, no entanto, é a evolução constante das engines e seu tremendo impacto na preparação de abertura. Falando sobre esse assunto com os jogadores de elite de hoje, é quase impossível para um mero mortal entender o quão profunda e completa é a preparação de alto nível. A capacidade de obter qualquer vantagem significativa e surpreender a equipe adversária de analistas está desaparecendo rapidamente. Sendo ainda mais difícil capitalizar qualquer vantagem, não importa o quão pequena seja, isso raramente é perigoso para um Titã jogando no ritmo clássico.

Isso significa duas coisas: o atual campeão precisa pressionar e atacar cedo, enquanto o estreante tem que lidar com os nervos. As chances de sucesso nisso estão diminuindo cada vez mais, e a taxa de empates provavelmente permanecerá muito alta. (O match de 2021 reconhece isso simbolicamente, estendendo o número de partidas para... 14.)

A importância desse cenário básico ficou clara logo no início do match Carlsen-Karjakin, com o desafiante cambaleando muito, mas com o campeão estranhamente desleixado na conversão da liderança diante de uma resistência obstinada. À medida que o russo ganhava o apelido de "Ministro da Defesa" com uma série de empates, Carlsen ficava cada vez mais frustrado. No final das contas, Magnus implodiu completamente jogando de Brancas na oitava partida, arriscando muito mais do que o necessário em uma tentativa emocional de vencer por pura força de vontade. Com Karjakin parecendo invencível, Carlsen teria que lidar com o que provavelmente seria o momento mais sombrio de sua carreira: enfrentando o constrangimento e a dolorosa perda do título que ele não tinha certeza se queria em primeiro lugar, mas definitivamente não queria entregar agora.

Magnus Carlsen Know The Champion
Magnus Carlsen em 2019. Foto: Maria Emelianova/Chess.com.

Narrativas

Mesmo que estejamos examinando o campeão e sua relação com o título, sempre vale a pena refletir sobre ângulos e narrativas alternativas. Para Karjakin, e provavelmente também para a Rússia, isso parecia ser uma saga de redenção. Afinal, foi Karjakin quem originalmente foi o maior prodígio e visto como um provável campeão antes da ascensão surpreendente do norueguês. E, é claro, essa narrativa parece um pouco familiar hoje.

Todos nós sabemos que Magnus de alguma forma conseguiu empatar o placar do match e então surpreendeu a todos ao desperdiçar a última partida de Brancas na 12ª rodada, empatando logo e levando o match para as partidas rápidas. O brilhantismo de perder sua última chance na última partida clássica foi que Magnus teve um descanso enquanto Karjakin teve que se preparar para o ataque final que nunca veio. Esse tipo de pragmatismo calculado pode muito bem ter fornecido o frescor psicológico e físico necessário para defender o título.

Igual, mas diferente

É difícil argumentar que o match Carlsen-Caruana foi difícil e emocionante quando todas as partidas terminaram empatadas, mas eu vou. A primeira e a última partida foram momentos-chave, as quais Carlsen jogou de Negras, e ambos contaram com uma preparação afiada e bem-sucedida.

A primeira partida acabou sendo o maior fracasso do match, com Carlsen à beira de uma vitória decisiva. Isso influenciaria e também resumiria toda a disputa: a necessidade de pontuar cedo, a escolha de lutar com as peças negras e o nervosismo de uma oportunidade perdida.

Em Londres, em 2018, Magnus defendeu mais do que seu título. Antes do match, ele estava fora de forma, e Fabiano, ao contrário, conquistou uma série de vitórias em torneios. Portanto, se vencesse, o desafiante teria tirado o campeão do primeiro lugar do ranking mundial, encerrando quase uma década de liderança.

A primeira partida foi fundamental - Caruana evitou um início possivelmente devastador, e Carlsen, talvez também assustado pela memória do match anterior, tornou-se extremamente cauteloso com um rival que ele respeita profundamente. Quando ele optou por empatar a 12ª partida em uma posição vantajosa, o público descontente tinha mais do que reclamar do que apenas a falta de resultados decisivos. "Esse cara só quer mostrar suas habilidades nas rápidas, é assim que se define um match clássico, e blá, blá, blá?" E sim, o desempate foi devastador.

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Caruana (esquerda) e Carlsen (direita) se cumprimentando no início da 12ª partida do Campeonato Mundial da FIDE de 2018. Foto: Maria Emelianova/Chess.com.

Novas regras

Magnus, já campeão mundial, também expressou sua frustração com o formato para a classificação e da disputa pelo título, e os desafios claros apresentados pela dificuldade cada vez maior de vencer partidas em controles de tempo mais lentos, nessas lutas pelo título mais curtas. Sua solução favorita é jogar mais partidas, mais rápido, para produzir resultados mais decisivos. Ele está convencido de que o xadrez rápido se tornará mais importante e considerou que um formato em que uma rodada do clássico seja substituída por uma série de partidas rápidas seria a melhor maneira de gerar um match mais viável e emocionante pela disputa do título.

Os céticos mostram seu descontentamento com essas ideias, já que Magnus venceu os dois últimos matches do Campeonato Mundial nas partidas rápidas. Duas séries de torneios online organizados por Magnus e sua equipe durante a pandemia também usaram esse controle, e foi uma espécie de teste para o que ele vê como o futuro. Magnus venceu as duas séries, mas admitiu para mim que não se considera um verdadeiro campeão no xadrez rápido. Ele alega que não tem sido tão dominante quanto acha que um campeão deveria ser - no caso de você precisar de uma ilustração de sua mentalidade assassina.

Enquanto isso, o xadrez clássico provavelmente manterá sua hierarquia, e temos um novo desafiante. Quando se trata de discussões sobre velocidade e eventuais desempates, Nepo é provavelmente o mais perigoso de todos até agora.

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Carlsen (esquerda) e Nepomniachtchi (direita) jogando no Mundial de Rápido e Blitz da FIDE de 2017. Foto: Maria Emelianova/Chess.com.

Histórias Óbvias

Enquanto esperávamos que um desafiante emergisse do Torneio de Candidatos, atingido pela pandemia, houve uma distração temporária sobre a idade de Carlsen. Quando chegou aos 30 anos, ele de repente parou de ganhar os torneios online e, voltando ao presencial no Tata Steel em janeiro de 2021, terminou apenas em sexto lugar. Embora o xadrez presencial tenha sido severamente limitado, Magnus reverteu sua sorte online e então venceu o Norway Chess em Stavanger como seu principal aquecimento pré-match. O que deve finalmente pôr fim ao problema da idade é o fato de que o desafiante russo é apenas seis meses mais velho.

Nepomniachtchi também é cerca de seis meses mais novo do que Karjakin, e isso cria um certo eco e uma versão mais dramática da história da redenção russa.

Existem alguns detalhes na trama que tornam a "Redenção Russa 2" um conto mais fascinante do que o original. Nepo e Magnus eram rivais diretos durante os campeonatos Mundial e Europeu sub-12, e o russo conquistou os dois títulos, superando Carlsen no desempate do Mundial sub-12 em 2002. Uma entrevista formidável (em norueguês) com um jovem Magnus no final daquele ano revelou alguns detalhes divertidos sobre o relacionamento deles na época.

Magnus admitiu que Ian era bom, mas não ficou muito impressionado, e também ficou claro que havia uma boa harmonia entre eles.

Identifique os futuros desafiantes do título mundial! Campeonato mundial sub-12.
Da direita para a esquerda: Nepo, Carlsen, David Howell, Andreikin, Nguyen, Wei Chenpeng. Também participaram do torneio MVL, Le Quang Liem, Saric, Kuzubov e muitos outros super GMs.

De acordo com o jovem Magnus, eles também jogavam sinuca e Ian trapaceava quando estava perdendo. Os dois parecem compartilhar um senso de humor travesso e, embora Ian estivesse tendo dificuldade em se estabelecer na elite mundial, os dois tinham uma relação amigável ​​o suficiente para trabalharem juntos; aparentemente, ele ajudou um pouco na preparação de Magnus para a luta pelo título.

Portanto, há muito mais por trás desse confronto do que uma história de reencontro tão esperada. A clássica rivalidade leste-oeste também inclui a suspensão, pelo menos temporariamente, de uma amizade inesperada.

Anti-Carlsen?

O outro ângulo que você pode esperar que os especialistas abordem é o conflito de estilos. Nepomniachtchi é agressivo, perigoso, impetuoso e que assume riscos, um claro contraste com a harmonia lógica e técnica de Carlsen. Além disso, o russo não apenas conquistou uma vantagem no placar contra o campeão quando criança, mas também permaneceu como um adversário difícil, mantendo até hoje uma pontuação positiva contra Carlsen em partidas clássicas.

Se adicionarmos essas considerações ao senso geral de perigo gerado por um jogador como Ian, encontraremos muitas pessoas que acreditam que este encontro será impressionante e que a vantagem óbvia de Carlsen pode perder força contra um oponente desagradável.

No entanto, existe uma grande probabilidade de que a magnitude da situação produzirá uma abordagem muito pragmática do desafiante. Carlsen previu que verá um Nepomniachtchi muito mais sólido e cauteloso em Dubai, algo que pode minimizar o tão esperado choque de estilos. Certamente, é muito raro ver um desafiante que não seja cauteloso o suficiente. Se você quiser uma análise mais estatística, pode dar uma olhada neste artigo (em inglês).

Magnus Carlsen Know The Champion
Carlsen e Nepomniachtchi durante o Norway Chess de 2021. Foto: Lennart Ootes/Norway Chess.

Na minha opinião, o enigma é o seguinte: Nepomniachtchi pode ser o mais perigoso no desempate até agora, mas se ele está realmente disposto a correr riscos e tornar a disputa mais emocionante, então é muito menos provável que ele empate na parte clássica do match.

Minha dica incomum para influenciar suas "apostas"

Mesmo que o moderno match pelo título tenha perdido muito do seu sentido histórico de maratona, que supostamente tirou anos da vida de ex-desafiantes e detentores do título, ainda é provavelmente o evento mais árduo da carreira de um jogador.

Antigamente, fazia parte da cobertura pré-match ver fotos dos adversários trabalhando duro como parte de seus preparativos. Lembro-me vividamente das imagens de Viktor Korchnoi, o GM mais velho, indo para a academia e correndo à frente dos ingleses ofegantes, que eram mais jovens que ele e faziam parte da sua equipe de segundos. Magnus prometeu que irá recuperar o tempo parado devido a longa crise pandêmica e estar no auge da sua condição física para a defesa do título em 2021. Pretendo levar em consideração mudanças físicas visíveis para avaliar as chances do desafiante.

Ganhei os dois jogos de futebol de 3 contra 3. Sensação fantástica.
Também ganhei no xadrez. Foi ok.

Ian sempre deu a impressão de ser um boêmio no tabuleiro. Acho que será um fator determinante para o match a seriedade com que ele se preparou para o desgaste físico e mental que uma disputa pelo título mundial acarreta. Devemos notar que Nepo parecia consideravelmente mais magro em Stavanger durante o evento do Norway Chess.

Para quem torcer?

Os matches do Campeonato Mundial evoluíram muito. Após a Segunda Guerra Mundial, passamos dos assuntos internos soviéticos isolados para a era geopolítica. A combinação de luta do GM Bobby Fischer para garantir um prêmio considerável e "batalhar sozinho contra o rolo compressor soviético" gerou a primeira onda de interesse nos jogadores de elite e os prêmios. Korchnoi reforçou o aspecto político ao desertar antes de suas lutas contra o GM Anatoly Karpov. Korchnoi foi ainda mais longe, gerando polêmicas com iogurte e aspectos parapsicológicos, algo muito raro que não vimos desde então. Até mesmo o match Kasparov-Karpov foi visto como uma batalha "Glasnost vs o linha dura".

Desde então, as coisas se acalmaram e seria difícil argumentar contra Carlsen. Começando com seu período como modelo para o G-Star Raw, ele foi o catalisador e impulsionador para uma transformação notável e absolutamente incrível. Uma transformação que se acelerou com o sucesso de O Gambito da Rainha da Netflix e o tour online do campeão: o xadrez se tornou popular e descolado.

Know The Champion Magnus Carlsen
Foto: Maria Emelianova/Chess.com.

Esta abordagem contém uma série de ingredientes interessantes a serem considerados pelos fãs. Derrubar o campeão certamente significará drama e mudança, e mudança significa empolgação. Também teria um enorme impacto potencial se o xadrez retornasse ao seu antigo status na Rússia, se mais uma vez eles tivessem um campeão mundial. Depois de gerações de domínio total, como deve ser estranho ver o jogo perder seu brilho lá, e ainda mais estranho vê-lo ao vivo no horário nobre da TV nos lares noruegueses.

Ainda assim, você não precisa ser norueguês para se perguntar se o jogo pode perder parte de sua fama recente se Magnus for afastado. Como o veterano Leonard Barden, um jornalista de xadrez inglês, muitas vezes referido como um "Magnus-cético", escreveu recentemente no Guardian: "Quer a história considere ou não o Carlsen o maior de todos os tempos, ele já fez tanto ou mais para popularizar o xadrez em todo o mundo do que qualquer campeão mundial anterior." Então, esse é outro elemento a se levar em consideração.

A escala Jante-Zlatan

Neste artigo tiveram algumas dicas sobre a mentalidade de um campeão. Magnus tem um conhecimento incrível de como cultivar uma atitude de confiança e sucesso desde jovem, e há coleções sobre suas citações desde o início que indicam isso claramente.

Carlsen entende a psicologia do esporte quase tão bem quanto xadrez. Ele afirma que seu salto quântico de um talento óbvio para um campeão mundial foi devido a uma compreensão e decisão consciente de que, para isso, era necessário se tornar mentalmente mais forte do que a elite existente.

Para dar algum contexto cultural, na Escandinávia, o grau de autoconfiança pode ser demonstrado na escala Jante-Zlatan: entre a humilde e igualitária "Lei de Jante" em uma extremidade (e possivelmente o parâmetro padrão) e a bravata excêntrica excessiva do jogador de futebol sueco, Zlatan Ibrahimovic, na outra.

Embora Magnus não exagere, ele também não vai para o outro extremo. Como a maioria dos atletas de alto desempenho, ele é seu crítico mais severo e adere a padrões incrivelmente elevados. Não acho que você possa se tornar um campeão dominante entregando-se à falsa modéstia; mesmo assim, houve quem preferisse ser mais humilde. Magnus é um daqueles que exala autoconfiança.

Magnus Carlsen Know The Champion
Magnus durante uma entrevista da televisão. Foto: Maria Emelianova/Chess.com.

Recentemente, perguntei ao Magnus se ele achava que sua experiência com longos matches pelo título poderia ser sua maior vantagem desta vez e recebi uma resposta muito direta: "Não, minha maior vantagem é que eu sou melhor no xadrez".

Minha maior vantagem é que eu sou melhor no xadrez.
— Magnus Carlsen

E não há melhor maneira de preparar o palco para esse confronto.