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IM belga recebe suspensão de 1 ano da FIDE após recusar inspeção corporal
Stefan Docx. Foto: Wikipedia.

IM belga recebe suspensão de 1 ano da FIDE após recusar inspeção corporal

TarjeiJS
| 0 | Notícias do Chess.com

O IM Stefan Docx foi banido por um ano de participar de torneios homologados pela FIDE após recusar um escaneamento corporal com detector de metal durante um incidente na Espanha. Docx foi considerado inocente de trapaça por computador e afirma ter recorrido da suspensão.

O jogador de 49 anos, membro da equipe olímpica da Bélgica em três ocasiões, foi sancionado por um ano pela Comissão de Ética e Disciplina (EDC) da FIDE devido ao incidente que ocorreu durante o Benidorm Open em dezembro do ano passado. No final de outubro, a decisão completa foi publicada no site da EDC.

O Chess.com noticiou a história na época, mencionando os rumores que circulavam pelo cenário do xadrez holandês e belga uma década antes do incidente na Espanha. Em 2012, um clube belga o denunciou por suposta trapaça, mas ele acabou sendo inocentado das acusações, de acordo com o Schaakfabriek.be.

No Benidorm Open, o incidente com Docx ocorreu durante a oitava rodada. Mesmo que o torneio não fosse homologado pela FIDE, medidas anti-trapaça, como escaneamento corporal, estavam em vigor, assim como a verificação obrigatória de casacos, com atenção especial dos árbitros aos jogadores que estavam longe do tabuleiro.

A participant being checked for devices at the Benidorm Open. Photo: Ismael Nieto/Benidorm Chess Open.
Um participante durante inspeção corporal no Benidorm Open. Foto: Ismael Nieto/Benidorm Chess Open.

O árbitro principal, Ramon Garcia, suspeitou de Docx após suas frequentes idas ao banheiro e o seguiu. Garcia afirmou que ficou na área do banheiro por 15 minutos, enquanto Docx estava dentro de uma das cabines.

Ele afirmou ter visto reflexos nítidos no piso, os quais interpretou como luz proveniente de um celular em uso.

Após o retorno de Docx ao salão do torneio, ele foi confrontado pelos árbitros que pediram para escaneá-lo com um detector de metal. Os pedidos foram recusados, e quando Docx continuou a recusar mesmo após ser avisado duas vezes de que seria desclassificado, ele desistiu da partida e não jogou a última rodada. Os árbitros não encontraram um celular na área do banheiro.

Em sua resposta à EDC, o IM belga negou todas as acusações. Ele afirmou que não usou um celular e explicou que estava doente naquele dia, precisando ir ao banheiro várias vezes. Ele alegou que as acusações de Garcia eram totalmente infundadas e falsas.

Stefan Docx during play in Benidorm. Photo: Ismael Nieto/Benidorm Chess Open.
Stefan Docx durante partida em Benidorm. Foto: Ismael Nieto/Benidorm Chess Open.

Docx lamenta não ter se submetido a um escaneamento com um detector de metal durante a rodada, mas explica que ficou chocado com as alegações infundadas contra ele e também estava sofrendo problemas físicos, conforme sua resposta à EDC.

Após o relatório de Garcia sobre o assunto, uma comissão investigativa da Comissão de Fair Play da FIDE (FPL), composta pelo GM Aleksandar Colovic, Richard Newman e Vincent Geeraets, investigou o caso. O relatório deles focou principalmente na suposta trapaça por parte de Docx.

A comissão também recebeu uma análise do IM Kenneth Regan, professor na State University of New York, que assessora a FIDE sobre trapaça por computador há anos. Ele não encontrou nada fora do comum nas partidas de Docx no torneio ou nos últimos cinco anos.

A comissão investigativa considerou dois cenários possíveis:

  1. Docx trapaceou usando um celular, e essa é a razão pela qual ele se recusou a fazer o escaneamento com detector de metal.
  2. Docx não trapaceou e recusou o escaneamento com detector de metal por ter ficado surpreso e não se sentir bem.

A comissão chegou à conclusão de que o primeiro cenário era o mais provável e recomendou uma suspensão de dois anos para participação em torneios.

A EDC destaca que a trapaça auxiliada por computador é uma questão cada vez mais problemática no xadrez e que tem o potencial de prejudicar o esporte. Eles observam:

A recusa de um jogador em se submeter a um escaneamento sem motivo suficiente inevitavelmente gerará suspeitas bem fundamentadas de trapaça contra esse jogador. Isso é especialmente verdadeiro quando todos os participantes de um torneio foram informados antecipadamente das medidas de segurança em vigor e que verificações aleatórias podem ser feitas a qualquer momento.

A recusa em cumprir o pedido de um escaneamento é especialmente grave em casos como este, em que o árbitro principal confrontou o requerido com suspeitas de trapaça usando um celular.

A EDC considera a conduta de Docx e sua recusa em se submeter a um escaneamento corporal 'altamente suspeitas', mas discordou da conclusão da comissão investigativa e o considerou inocente de trapaça:

Mesmo que a conduta do requerido durante a oitava rodada do evento, especialmente sua recusa em se submeter a uma verificação, seja altamente suspeita, a Câmara da EDC não está completamente convencida de que o requerido tenha consultado um celular durante a partida. Ninguém observou o requerido carregando ou usando um dispositivo móvel. O nível de seu jogo não indica qualquer uso de assistência ilegal. Mesmo que, numa balança de probabilidades, os fatos falem contra o requerido neste caso, não atingiu o nível de satisfação confortável. O requerido deve, portanto, gozar do benefício da dúvida e, portanto, não será considerado culpado de trapaça auxiliada por computador.

No entanto, a recusa de Docx em se submeter a um escaneamento corporal, conforme solicitado pelo árbitro, foi 'uma violação grave de uma regra importante', observa a EDC.

A comissão levou em consideração que Docx estava sujeito a uma suspensão de seis meses pela Federação de Xadrez da Bélgica, e o proibiu de participar de torneios homologados pela FIDE e em atividades relacionadas ao xadrez como jogador por um ano.

Em resposta a um pedido feito pelo Chess.com para comentar o caso, Docx afirma que recorreu da suspensão: "Estou satisfeito que a comissão concluiu que todas as alegações de trapaça eram infundadas."

Docx não deseja fazer mais comentários até que o recurso tenha sido decidido.

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Tarjei J. Svensen

Tarjei Svensen is a Norwegian chess journalist who worked for some of the country's biggest media outlets and appeared on several national TV broadcasts. Between 2015 and 2019, he ran his chess website mattogpatt.no, covering chess news in Norwegian and partly in English.

In 2020, he was hired by Chess24 to cover chess news, eventually moving to Chess.com as a full-time chess journalist in 2023. He is also known for his extensive coverage of chess news on his X/Twitter account.

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